segunda-feira, 1 de maio de 2017

Leitura, oralidade e escrita: práticas linguísticas, sociais e pedagógicas

        No seu contexto histórico, as práticas de escrita e leitura se caracterizam como representações sócio-discursivas de diferentes classes sociais. Sendo atreladas as classes dominantes o “bom uso” da língua, à aquisição da mesma, ao acumulo de conhecimento e a sua organização, assim como ao progresso e ao avanço cientifico- tecnológico. Nesse panorama, vinculou-se à escola o papel de ensinar.
        Com referência à prática pedagógica nas escolas, estas se utilizam de cartilhas, livros e manuais didáticos para trabalhar a leitura e escrita em sala de aula. No entanto, os alunos não conseguem aprender o modelo de escrita apresentado pela escola, pois esta não prioriza pontos importantes como: Quais são as condições atuais de leitura? Quem lê? Quem escreve? Para quê? Por quê?
        No trabalho pedagógico das práticas de leitura e escrita, a interacionaldade ideológica, seja em relação à linguagem escrita ou oral, foi esquecida, desse modo, o docente não é conduzido a produzir texto, mas sim a reproduzir. A partir desse ponto de vista, o aluno é moldado ao padrão escolar, ficando este impossibilitado de gerir seu próprio conhecimento de mundo. 
        O processo de interação entre professor e aluno, geralmente é exemplificado com a figura do educando como detentor do poder e o docente como o ser passivo, sem que haja troca dos papéis. E quando o aluno re(produz), o professor não está interessado em sua produção, mas em se ele conseguiu reproduzir o modelo proposto.
        Os sentidos que as crianças atribuem à escrita são variados e dependem de suas experiências como de seus conhecimentos adquiridos.
        Em relação à questão oralidade, o processo de construção de redação é uma disputa (não uma integração) constante entre a competência linguística e a imagem de uma língua escrita que possua o molde padrão, culto da mesma. Portanto, na necessidade de mostrar que “sabe”, o estudante nega a sua capacidade linguística oral. (BRITO, 1985).
        Geraldi (1985) conclui que, nessas condições, quanto menos conhecimento específico sobre a linguagem escrita (metalinguístico) a criança tem, mais noção da funcionalidade escrita ela demonstra. 
        É preciso não perder de vista que o autor/sujeito emerge do discurso na escritura, e que se deve trabalhar a leitura e a escrita como práticas discursivas. As situações de ensino/aprendizagem devem ser instauradoras da relação de interação e interlocução, pois esta é objeto de conhecimento e constitutiva do conhecimento na interação. Não se trata apenas de ensinar a escrita, mas de usá-la como interação e interlocução na sala de aula, experimentando a linguagem nas suas várias possibilidades. 


BRITO, P.L. Em terra de surdos-mudos: um estudo sobre as condições de produção de textos escolares. In: GERALDI, J.W. (org). O Texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1985.

GERALDI, J.W. (org). O Texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1985, p.109-119.

SMOLKA, A.L. A criança na fase inicial da escrita. S. Paulo:Cortez, 1988.

Postado por: Ana Paula
Revisado por: Felip Alves

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