Esse aspecto busca estabelecer relações com a exterioridade da linguagem.
A
análise da conversação teve origem na década de 1960 no campo dos estudos
ligados à Etnometodologia.
Para
esta ciência, os analistas têm de ser perceptivos aos fenômenos interacionais,
centrando-se nos detalhes estruturais do processo interativo.
Segundo Hilgert há três
níveis essenciais desse enfoque:
a) Macronível: nas
fases conversacionais- abertura, fechamento e parte central, e o tema central e
subtemas da conversação.
b) Nível médio:
turno conversacional, tomada de turnos, sequência conversacional, atos de fala
e marcadores conversacionais.
c) Micronível:
elementos internos do ato de fala, que constituem sua estrutura sintática,
lexical, fonológica e prosódica.
A
análise da conversação estabelece o texto como seu objeto de estudos, mas se
dedica única e exclusivamente a textos orais naturais, criados espontaneamente
e não aqueles criados artificialmente. A ciência busca enfatizar que partilhamos
cognitivamente da interação, pois o planejamento da fala ocorre no momento em
que interagimos.
Sendo assim, possui alguns aspectos importantes, são eles:
I.
Sobre
o tratamento dos dados orais: Deve-se considerar o
sistema de transcrição de texto oral a partir de gravações ou filmagens que
possam ser analisadas, também é preciso considerar a importância de recursos
não verbais utilizados na fala. Como por exemplo: a paralinguagem, cinésica,
proxêmica, tacêsica e até mesmo o silêncio.
II.
A
organização da conversa: Em uma conversa há as marcações de fala
do interlocutor, devem falar um por vez. Há sinais que simbolizam o fim de seu
turno e o convite à fala do outro para que haja a troca de papéis de falante e
ouvinte. Esses turnos podem ser nucleares e inseridos.
III.
Dos
marcadores conversacionais: O texto oral é planejado e verbalizado
ao mesmo tempo e possui alguns recursos característicos da fala natural, essas
características são os marcadores conversacionais que variam entre verbais,
não-verbais ou prosódicos. Os marcadores conversacionais são produzidos pelos
falantes para dar tempo à organização do pensamento.
IV. A construção da compreensão no texto falado: Quando dois ou mais indivíduos conversam coordenam ações e conteúdos, construindo textos coerentes.
IV. A construção da compreensão no texto falado: Quando dois ou mais indivíduos conversam coordenam ações e conteúdos, construindo textos coerentes.
Segundo
Marcuschi, a compreensão na interação verbal face a face, resulta de um projeto
conjunto de interlocutores em atividades cooperativas e coordenadas de
co-produção de sentido,existindo algumas atividades de compreensão na interação verbal.
·Estratégia 1- negociação: central para a produção de sentidos na
interação verbal dada a sua natureza conjunta;
·Estratégia 2- construção de um foco comum: na interação a base da troca é a
sintonia referencial, o interesse comum e referentes partilhados;
·Estratégia 3- demonstração de (des)interesse e (não-)partilhamento: se não há
esse partilhamento a interação não progride;
·Estratégia 4- existência e diversidade de expectativas: os
interlocutores criam expectativas diversas em relação um ao outro relacionadas
ao contexto, às condições em que são produzidas, conhecimento partilhado etc;
·Estratégia 5- marcas de atenção: sinais enviados pelos
interlocutores que demonstram se há boa ou má sincronia na interação.
A análise da conversação no Brasil constitui-se em uma linha de pesquisa
praticada sistematicamente com uma produção editorial que abrange transcrições
de materiais do corpus do Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta, análises
de textos orais sobre diversos temas da análise da conversação, gramáticas do
português falado, além de teses e dissertações defendidas nos programas de
pós-graduação das universidades brasileiras.
DIONÍSIO, Ângela P. Análise da conversação. In:
MUSSALIM, F. & BENTES, A. C. (orgs). Introdução à Linguística –
Domínios e Fronteiras. 6ed. São Paulo: Cortez, Vol.2, 2005,
p.69-99.
MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. 6. ed. São Paulo: Ática, 2007b.
Postado por: Karen S.
Revisado por: Felip Alves
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