quarta-feira, 5 de abril de 2017

Competência da leitura e da escrita

        Concebe-se o homem a partir do trabalho e das mediações simbólicas que regem suas relações com a vida, com o mundo e com ele próprio. São dois os eixos dessas atividades: o da produção (transformação da natureza) e o da comunicação (relações intersubjetivas).
        A linguagem é constituída do ser humano. Pode-se definir linguagens como sistemas simbólicos, instrumentos de conhecimento e da construção de mundo, formas de classificação  arbitrárias e socialmente determinadas.
        Esses sistemas são, ao mesmo tempo, estruturados e estruturantes, uma vez que geram e são gerados no constante conflito entre os protagonistas sociais pela manutenção ou transformação de uma visão de mundo: o poder simbólico do fazer ver e fazer crer, do pensar, do sentir e do agir em determinado sentido.
        Em síntese, as linguagens incorporam as produções sociais que se estruturam mediadas por códigos permanentes, passíveis de representação do pensamento humano e capazes de organizar uma visão de mundo mediada pela expressão, pela comunicação e pela informação.
       A linguagem verbal, oral e escrita, representada pela língua materna, viabiliza a compreensão e o encontro dos discursos utilizados em diferentes esferas da vida social. É com a língua materna e por meio dela que as formas sociais arbitrárias de visão de mundo são incorporadas e utilizadas como instrumentos de conhecimento e de comunicação.
       As relações linguísticas, longe de ser uniformes, marcam o poder simbólico acumulado por seus protagonistas. Não há uma competência linguística abstrata, mas, sim, limitada pelas condições de produção e interpretação dos enunciados determinados pelos contextos de uso da língua. Esta utiliza um código com função ao mesmo tempo legislativa e comunicativa.
       O domínio do código não é suficiente para garantir a comunicação.
       Apresentação de fala e escrita, pode, inclusive, produzir o total silêncio daquele que se sente pouco à vontade no ato interlocutivo.
       O desenvolvimento da competência linguística do aluno, nesta perspectiva, não está pautado na exclusividade do domínio técnico de uso da língua legitimada pela norma padrão, mas, principalmente, no domínio da competência performativa: o saber usar a língua em situações subjetivas ou objetivas que exijam graus de distanciamento e de reflexão sobre contextos e estatutos de interlocutores, ou seja, a competência comunicativa vista pelo prima da referência do valor social e simbólico da atividade linguística, no âmbito dos diversos discursos concorrentes. 

Fonte: São Paulo (Estado) Secretaria da Educação
Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias / Sectretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área, Alice Vieira. - São Paulo: (2010, p. 14)

Postado e revisado por: Felip Alves
       

Nenhum comentário:

Postar um comentário